terça-feira, 12 de maio de 2009

Coimbra | He's too aware not to be...

Mesmo daqui, deste parapeito estreito e desconfortável onde amasso os ossos dos cotovelos para me empoleirar para te ver já só de costas seguir concluso preocupado com uma pequena parte do teu imenso dia, encontro o castanho acolhedor da terra molhada. Todas as suas derivações, aquele mais claro, onde a chuva ainda não chegou, que se solta com o vento e nos dá o famoso e inexistente "cheiro a chuva" até ao escuro, meio verde - a lama. Somos os três uma e a mesma coisa - eu, tu e o que não conhecemos ainda. Só queria não pensar em nada disto agora. Nem saber que me analisas e porque é que o fazes. Que alguém aqui ao meu lado, com a invejável leveza dos espíritos comuns, me pusesse a mão em conha na cara, por baixo dos caracóis desfeitos, desprezados, uma sombra.

Não demorei tempo nenhum nenhum a chegar a esta conclusão e no entanto é como se todos os dias ainda tivesse o problema para resolver. Consciência sem materialização. Conhecimento empacotado sem tratamento nem reportagem ao meu actual estado das coisas, à minha emergência sentimental mal dirigida.

Gostava de poder sempre dizer, em tudo, "Não tive nada a ver com isso". É a minha posição preferida para dormir. Nunca tenho muito a ver com as pessoas - não com as suas angustias, menos com os seus sucessos, menos com as coisas fortes que sentem. Nada disto me define.

A incompatibilidade é um sítio estranho. E quando ela é tudo menos o que existe consegue ser ainda mais estranho.