sexta-feira, 6 de março de 2009

Aveiro | Quem cala pode não consentir...

Não fosse a rigidez que me tolheu os movimentos e o silêncio de vácuo que se ocupou de todo um raciocínio como se estivesse dentro de uma redoma a ver as outras pessoas mexerem-se com alguma destreza ainda que lenta a mim negada teria dito qualquer coisa semelhante a isto:


"A iniciativa em questão é louvável, mas isso é óbvio. O que não será tão óbvio é o quão pouco conhecemos os alunos, ou, para mim, os colegas, com que passamos mais do que muito mais tempo do que na nossa casa. Estes cadernos servem como depósito de textos que agora estão presos a uma altura em que tudo se está a tornar mais difícil para os jornais e para os jornalistas. Pior, para o Jornalismo. Estas são as iniciativas do tipo das que fazem história e depois estão nos museus e dizemos "Olha, um exemplar original da Presença" porque mudaram alguma coisa na época que fez mudar os seus colaboradores. Não vamos fazer a mesma diferença que os cronistas de há 30 anos faziam com as palavras que não podiam dizer, não vamos usar os silêncios, aos quais já deixamos de estar circunscritos vai para 35 anos, como conduta para o protesto mas o Jornalismo não vai acabar. No futuro assistiremos a outras inovações para nós tão ground-breaking como foi, por exemplo, o florescimento dos blogs mas o Jornalismo não vai acabar. O Jornalismo é o entreposto entre as pessoas e os poderes vigentes, é, por definição, a actividade de informar, descodificando e tornando as acções dos que nos regem inteligíveis e, consequentemente, questionáveis. Serve para trazer ao escrutínio os homens que decidem todos os dias o destino do nosso país independentemente da forma de que se revista.

É para este objectivo que concorrem os trabalhos de mais uma edição dos nossos cadernos."

... Mas não disse nada.

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