segunda-feira, 15 de junho de 2009

Coimbra | O que fiquei a saber...

Nas últimas horas fiquei a saber que quando aos teus interlocutores esmaece o tibre é porque alguma coisa falhou no enunciado e comprovas o carácter vaporoso do éter depois de lhe teres sentido o odor tão intenso. Fiquei a saber que só conheço felicidade em extremos e a sua antonímia em extremos a esses potênciados ou potenciáveis. Uma coisa é apenas tão boa como a certeza de que o resto do dia não alberga possíveis desilusões. Não foi o caso. É caso raro.

Hoje também soube que acabei por achar normal uma horda de coisas inimagináveis há escassos minutos atrás. Fiquei a saber que é possível suster o calor dos mais elementares orgãos internos durante o tempo de um telefonema e durante o tempo dos movimentos sôfregos da retina escandalizada e dolorosamente aberta frente a palavras mal bainhadas de um ecrã.

Depois, quando subi, embargou-me um sono contra o qual lutei. E agora escrevo. Isso não descubri hoje neste renovado acervo de dúvidas, mais importantes que as certezas, que aqui fica.

De todos os dias, são os límpidos que mais me reduzem: posso ver tudo a acontecer mas tem tudo aquela luz que as novelas têm quando aquilo é só uma cena do protagonista a sonhar ou, pior, a recordar. Artefactos cénicos aos quais já não consigo render o meu mais que intermitente abandono. Devolvo-o a quem se portou comigo da mesma maneira.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Coimbra | He's too aware not to be...

Mesmo daqui, deste parapeito estreito e desconfortável onde amasso os ossos dos cotovelos para me empoleirar para te ver já só de costas seguir concluso preocupado com uma pequena parte do teu imenso dia, encontro o castanho acolhedor da terra molhada. Todas as suas derivações, aquele mais claro, onde a chuva ainda não chegou, que se solta com o vento e nos dá o famoso e inexistente "cheiro a chuva" até ao escuro, meio verde - a lama. Somos os três uma e a mesma coisa - eu, tu e o que não conhecemos ainda. Só queria não pensar em nada disto agora. Nem saber que me analisas e porque é que o fazes. Que alguém aqui ao meu lado, com a invejável leveza dos espíritos comuns, me pusesse a mão em conha na cara, por baixo dos caracóis desfeitos, desprezados, uma sombra.

Não demorei tempo nenhum nenhum a chegar a esta conclusão e no entanto é como se todos os dias ainda tivesse o problema para resolver. Consciência sem materialização. Conhecimento empacotado sem tratamento nem reportagem ao meu actual estado das coisas, à minha emergência sentimental mal dirigida.

Gostava de poder sempre dizer, em tudo, "Não tive nada a ver com isso". É a minha posição preferida para dormir. Nunca tenho muito a ver com as pessoas - não com as suas angustias, menos com os seus sucessos, menos com as coisas fortes que sentem. Nada disto me define.

A incompatibilidade é um sítio estranho. E quando ela é tudo menos o que existe consegue ser ainda mais estranho.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Coimbra | Everything and then some ...

Persegui-te sunbeam pelas ruas onde te escondias do contraste da minha máquina. E queria ter-te a estoirar das janelas como só aqui. Não vieste. Esqueceste-me.

Era de noite e os paralelos das subidas, molhados, faziam as rodas do carro chiar num queixume sofrido de quem se vê em atalhos pouco conhecidos mas não quer acusar este desconforto. Aquele respirar superficial e fininho. Aquele não saber onde se meter.

Quis debruçar-me nos parapeitos de casas que não são a minha porque a minha não leva este estoiro de luz todas as manhãs. Esta claridade de dias de chuva.

Desprezei umas ruas, a breve euforia escorregadia da antecipação, e agora outras. Passos decididos a encontrar as praças-miradouros que são tantas. Suspensas em si. Sós.

Agora fica frio quando anoitece e eu ainda me queria lembrar de como era esperar-te.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Coimbra | Pouco importante ...

Ela queria um copo de água. Quem atendia no café estava há p'ra cima de um quarto de hora perdido no armazém e só se ouviam latas de cerveja a bater umas nas outras. Pensou em ir chamá-lo mas prendeu-a um cartaz do outro lado da rua. Teve que fechar um olho para ler. E pensou que é muito estranho ver-se melhor com um olho fechado do que com os dois abertos. E nesta situação nem era por querer. Quer dizer, o escolher ver parcialmente.

O rapaz que serve lá saiu lá de trás mas ela estava numa mesa atrás de um pilar que ficava no meio do bar que à noite funciona como discoteca e agora estava vazio. Ele não a viu e, de qualquer forma, era o cartaz do outro lado da rua, enrolado à volta de um poste de electricidade, que lhe prendia a atenção. Foi quando ela se levantou e espalmou as mãos no vidro do café para ler o cartaz. Sempre carros a passar. Muitas pessoas a parar ali. É uma paragem de autocarro. Engraçado como toda a gente traz um lenço de qualquer tipo.

É rádio que passa no café à tarde e não uma lista de músicas conhecidas como à noite. Pareceu-lhe ler "AULAS..." ( de quê?). Entretanto começou a ouvir rádio e o rapaz veio lavar o chão com uma esfregona ensopada. O som da água atirada ao chão. Ela esqueceu-se de pedir o copo de água. Serias aulas de ..." YOGA"?

"São esperados aguaceiros em todo o país."

E, quando a nuvem veio, ela encostou a cara ao vidro para ver aquele último raio de Sol que faz um risco no céu que as máquinas fotográficas modernas fazem desaparecer em prol da nitidez da paisagem. O Sol encadeia. É benevolente.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Coimbra | I no longer ear the music ...oh no no no no no ...

Não preciso que me digas que pareço apagada e hostil. Que nada descurtinas nos tons cinzentos dos meus olhos, nas veias roxas das minhas mãos geladas. O despego e a solidão que já me são tão queridos ia agora abandoná-los por ti...

O que eu quero é que tu continues a fazer isso que eu não sei bem como fazes nem o que é. Distinguir neste emaranhado causticado aquelas características qe ninguém viu e que são as únicas que nunca me importei que transparecessem.

Não preciso que me digas que o tempo passa a correr nem que te esforces tanto para impor essa tua maneira de ser. Já a interiorizei. Já sei, está bem? Tudo isso já me atormentava muito antes de saberes que eu existia. As voltas que já te dei.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Coimbra | Atrás de um portão ferrugento ...

... E agora que dissequei sem interrupções de terceiros as minhas memórias puídas, contraste no topo, objectiva sem zoom, é mais fácil começar a pensar em ti. O que faço eu contigo de mãos suadas perecíveis, que me bates aos pontos na falta de zelo por si próprio?

Rotina adinâmica do estilo one step flow of communication, vai secar um dia, infértil como os pântanos argilosos que criam enormes fendas no Verão e parecem arquipélagos. Podemos esbater as arestas com os dedos, unir mundos alucinados mas dá sempre menos trabalho apenas olhar os zigue-zagues assimétricos.

Para mim, há este tipo de liberdade recém-adquirida que é a de procurar situações nas quais não posso ter nenhum deslumbramento ou pretensão. Nada lhes posso acrescentar para as melhorar, anulando assim a responsabilidade. Afinal, é fácil ter uma consciência relativamente apaziguada se não se lhe der tanto uso. Uma vez iniciadas, é prostrar os braços ao longo do tronco em sinal de revolta, em homenagem em quem me ensinou esta frase, e sorver o deleite, sim, doentio, que é ser alguém sobre quem não recaem as mais míseras expectativas ...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Coimbra | Quero linhas paralelas...

Quando chego de jantar vejo os teus talheres cruzados sobre o prato cheio. Pouco falta para estar ali a refeição toda. As folhas de alface já translúcidas da gordura do azeite e a primeira camada de arroz, seca. Do frango nada se pode reconhecer a olho nu mas há-de estar frio como morto.

O sono que me tolhe não facilita o enleio numa preocupação genuína. Quero acreditar no meu bom dormir e que não vou sonhar nem levantar-me durante a noite nem me vai custar nada adormecer nem vou revirar-me na cama, enrolar o lençol lá ao fundo aos pés de tantas voltas e espasmos entre os do estado insconsciente e os socos no ar por minha vívida iniciativa. Nem vou ficar com frio depois disso nem a irritação me vai incomodar. Pensar nisto ou pensar em ti. Se eu não te conhecesse dizia que tudo isto é vontade de chamar a atenção, um medo inefável dos dias que pensam ser os teus últimos comigo. Conhecendo-te, nada mais injurioso do que carente. O que não invalida a minha verdade. Como esse rancor endógeno que enquina a tua percepção das transformações que vão mesmo acontecer. Queres-me fazer acreditar que é um argmento inválido. Não o posso trazer para cima da mesa para desenhar à vista, o teu rancor. Era inválido, até. Até podia ser se tu não fosses tão patéticamente transparente.

Sendo tu hoje uma sombra do que eras, ai de mim se te disser alguma verdade. Sendo eu ainda um degradativo disso, sei reconhecer, como tu, as vantagens da redoma que preferes hoje a todo o Sol que ainda está para vir.

sábado, 28 de março de 2009

Aveiro | A persistência da memória ...

"Todas as pontes do mundo não te podem salvar se não houver nenhuma margem do outro lado" - Silverchair in "The World Upon Your Sholders"

Nada mais sobrevalorizado que a memória. Nenhuma distância mesurável entre a mudança das pessoas e as impressões que delas queremos manter. Nada mais ingénuo ou mais egoísta: querer que nada mude sem o nosso consentimento, querer avisos prévios, querer mudar o curso das coisas. Nada mais tentador do que a megalomania. Tão próprio da condição hmana. Manter fechados num punho sovina e calcificado, os gestos de quem já não se lembra dos seus próprios gestos nem do que eles significaram quando se materializaram, quando abandonaram o pensamento e se descreveram no ar. Deve-se pensar antes de agir.

quarta-feira, 18 de março de 2009

London Central

This time I'm writing in English with a reasonable good reason to do so, so stop right there with the snob-related adjectives. I resent those. See this is a PC with no regular portuguese thinguies (from 'things') like those thinguies we put on top of some of our letters to make the words sound like they should and prevent them from sounding something completly different from what we wanted, you wouldn't want to be a writer in this latin wire-crazy verb system. In this cathegory we can also count those things (no, these are really 'thinguies', unexplainable thinguies like those upside-down triangles with no base we see in Polen or Russia or something else much much more accurate) under our "c" to make them sound "ss". Like my name, which is not "Franca" but "Fran(ss)a". This confused the hell out of the police officer when I went to Camden Town police station to report I had been roubed. That's it. Now I'm extending my stay (correct terms? I don't know and I most certanly don't care) and I'm here until my passport arrives because Ryanair folks don't accept police reports with an large seccion on how I couldn't possibily have any Photo-ID's due to the fact that well... I was in Camden and had the audacy to look away from my wallet for 3 minutes. I should have known better...

Well, I was rushed from one street to another, from mental-institution-like directions to advices on how to get a bus with someone shouting in the back that a bus was completely unnecessary. I finally got to the police and was finally told to write down a description of my wallet and its contents. By the time I got out I rushed to London Astoria 2, the venue, with my life-saving report ready to be brushed in some moody and intolerant bulldog-faced guys that go by the name of "pub secutity staff". I had to see 36 crazyfists play. Really. I had. I flew. I LEFT THE COUNTRY TO SEE A SHOW. Saved a bunch of cash for it (cash I waited till last day to change to pounds was I to need anything urgent and couldn't rush to a cash machine and was inside my rather lovely vintage black leather purse).



"The London Astoria 2 has been closed for the past 6 months"
"... Oh reeeeeeaaally?", I tried to make my voice sound perfectly normal. Yes, it was pretty really. Ok then, back to Electric Ballroom in Camden. (WHY THE FUCK WOULD TICKETMASTER GUYS SEND ME AN E-MAIL SAYING THAT THE VENUE WAS NO LONGER ELECTRIC BALLROOM BUT LONDON ASTORIA 2?!?!?!)

I colapsed once a very nice guy said I could go in. I really did. My chest pumped a million times and then shortness of air and all. It was the best Friday ever.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Aveiro | Quem cala pode não consentir...

Não fosse a rigidez que me tolheu os movimentos e o silêncio de vácuo que se ocupou de todo um raciocínio como se estivesse dentro de uma redoma a ver as outras pessoas mexerem-se com alguma destreza ainda que lenta a mim negada teria dito qualquer coisa semelhante a isto:


"A iniciativa em questão é louvável, mas isso é óbvio. O que não será tão óbvio é o quão pouco conhecemos os alunos, ou, para mim, os colegas, com que passamos mais do que muito mais tempo do que na nossa casa. Estes cadernos servem como depósito de textos que agora estão presos a uma altura em que tudo se está a tornar mais difícil para os jornais e para os jornalistas. Pior, para o Jornalismo. Estas são as iniciativas do tipo das que fazem história e depois estão nos museus e dizemos "Olha, um exemplar original da Presença" porque mudaram alguma coisa na época que fez mudar os seus colaboradores. Não vamos fazer a mesma diferença que os cronistas de há 30 anos faziam com as palavras que não podiam dizer, não vamos usar os silêncios, aos quais já deixamos de estar circunscritos vai para 35 anos, como conduta para o protesto mas o Jornalismo não vai acabar. No futuro assistiremos a outras inovações para nós tão ground-breaking como foi, por exemplo, o florescimento dos blogs mas o Jornalismo não vai acabar. O Jornalismo é o entreposto entre as pessoas e os poderes vigentes, é, por definição, a actividade de informar, descodificando e tornando as acções dos que nos regem inteligíveis e, consequentemente, questionáveis. Serve para trazer ao escrutínio os homens que decidem todos os dias o destino do nosso país independentemente da forma de que se revista.

É para este objectivo que concorrem os trabalhos de mais uma edição dos nossos cadernos."

... Mas não disse nada.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Coimbra | Tem, sim, o encanto todo.

... Em outras alturas, os becos recôndidos da Alta são todo o repouso e o todo o chamamento ao mesmo tempo. Passo no arco a olhar ainda mais uma vez para um azulejo ...

" Nesta casa viveu, enquanto estudante, o escritor Eça de Queiroz. Homenagem da cidade de Coimbra pelo 150º aniversário do seu nascimento"

Iguais a outros, o nome de quem mudou vários mundos em vários momentos diferentes, fixo em caligrafia de gente, em ilustres panéis anónimos 50X20 nas paredes a descamar deixando arquipélagos.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Coimbra | Got vicodin?

A dormência começa nos lábios, semi-abertos há horas agora. Abreviei todos os grandes momentos da minha vida. O chão gelado de onde não me consigo levantar. Os maxilares doridos e as lágrimas a fazerem-me cominchão nos cantos dos olhos. O sabor salgado que se mistura ao muco deslavado que corre do nariz. As mãos estendidas ao lado da cara prendem o cabelo. A tejoleira já não me parece tão gelada como parece sempre tudo o que está numa cozinha durante o mês de Feveveiro. Começo a ouvir os vizinhos de baixo, ouço a música da rádio e depois as notícias (eles têm aqueles despertadores que despertam com música da rádio) e depois o autoclismo e depois o chuveiro. Os talheres e as portas dos armários, tudo tão nítido como as cores que vou dando aos seus pijamas, aos seus cabelos. Sempre que me deito aqui penso como será que não ouço ninguém nos outros dias. Agora talheres e os talheres outra vez a serem largados na banca de inox. A máquina moderna de café, o som do jacto de água a furar a capsulazinha preta, metalizada e brilhante da Nespresso: "intensidade 10".

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Coimbra | Entre o opaco e translúcido...

Esfuma-se o alicerce do meu perfeito raciocínio ainda que eu de olhos fechados e sem saber que carro guias. Um reflexo na montra, de vidro até á calçada, e já só sinto aragem, motriz desta perseguição de tudo sem saber como me cansar. Ficámos envoltos em esclarecimentos adiados que não deixaram de ser esclarecimentos porque ambos sabíamos o que devia ser dito e assim, estava dito. Mas não foram esclarecimentos porque, sem a efectiva materialização das incompatibilidades, fica a doce tentação covarde de me deixar turvar pela incerteza. Fiquei sempre achar que talvez o teu esclarecimento se encontrasse com o meu. E eu pensava como era tanto o Sol daquelas manhãs de Setembro. Tu, com certeza, com outras questões na cabeça. Ainda hoje penso que nunca soubemos o que tivemos nas maõs até bem depois de me teres escrito do cárcere que eu diria auto-imposto mas bem sei que não foi.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Coimbra | Pois é...

Miserávelmente ainda de pijama que não é pijama é mais calças de fato-de-treino e t-shirt da Super. Mais um Domingo esquecível.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Coimbra | Infelizmente intemporal

Uma luz ora acesa ora apagada, uma rua só ás vezes iluminada, um barulho intermitente que anuncia que há gente... no vão da escada.

Com tanto por dizer, uma permissa por escrever e um susto tremendo de não saber se saberei fazer. Sem poder explicar por não haver lugar a lamentos lamacentos.

Toda a gente com pressa, toda a gente a correr para o que não vai nunca ser. Depois o choque, os sonhos num reboque abandonado á sorte. E ervas daninhas a despontar, fininhas, por entre as fendas das calçada. Uma lua distante e inútil e,como eu, calada.

Um meio-tom indecifrável que nos prende a razão e mais um conselho precioso a que não dei atenção. As olheiras de sangue pisado e eu, para todos, um pressuposto frustrado.

Uma mentira-farmáco tão apreciada, um salva-vidas empacotado, cheiro longuínquo da tua indiferença e um sentimento opaco de ser banalidade imensa.

Negações afogadas numa rotina pesada, abandonos subtis da persistência.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Coimbra | Imperfeição, desunião, imprecisão

Deixo-te aqui. Não queria que fosses a última memória deste tempo ainda a meia-luz mas de momento pouco mais há que possa servir de separador. Sair para comprar tabaco, um hábito tornado contrato de vermos as estrelas juntos porque é para não deixar qualquer coisa esfriar...

Se houver sentido por trás daquele "a vida dá muitas voltas" que me atiras todos os dias como se quisesses que a vida desse voltas até nos tirar de onde estamos podemos tentar uma antiga abordagem forrada de um novo cliché.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Coimbra | The wake up call to a rented room...

O vento principiou a fazer-se ouvir. Porque é que devemos pensar sempre que tudo ficará bem e que vão haver um dia com toda a certeza verdejantes campos onde nos abandonaremos, "deitados na realidade e felizes"?

Hoje magoa mais recordar. Dias passaram em que não me custava admitir que essas memórias estavam bem no passado com lápides com inscrições sumárias para fácil acesso que era tão pontual. Em cima de vários palmos de terra com os tais campos por cima só que com mais malmequeres do que tulipas, deambulantes mas sem assustar por querer pensar antes no futuro. Invocava certos trechos nos dias que queria colorir os equívocos ou as angústias mais permentes. Tenho saudades desses episódios que vinham espaçados, entremeados com lofadas de fumo dos cigarros de todos os meus amigos em minha casa, entremeados com noites de culinária desastrosa e finalmente pizza no mesmo sítio onde te tive o mais perto que te tive há muito muito tempo debaixo das luzes médias filtradas pelos whiskys de várias marcas na hora de fecho com a desculpa de varrer.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Coimbra | Poeira ...

Sempre que puderes diz-me onde estás só por dizer. Não sei se é saudável falar por falar mas é bom ver que nos querem contar coisas novas. Quanto a mim, não quero falar com ninguém em particular.

Sempre que virares a esquina dos Palácios Confusos lembra-me o quando nos foi custando cada vez menos gostar disto. E depois de um dia assim, cheio de preguiça e novas perspectivas para as quais me acho sempre aquém - mente.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Coimbra | Depois do entediante, vem o quê?

... Assim pode ser que consigas vir a tempo de jantar. Mas queres que jante aí, pergunto e dizes "se quiseres" com aquela voz esbatida de quem já está a fazer qualquer coisa no computador antes de deixar de falar ao telefone e por isso já dividido na atenção...a demorar a responder depois das perguntas e a perguntar vezes demais "hum?"

O vento levantou-se de súbito e vergou todas as árvores, arrancou dos canteiros flores e ervas daninhas.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Coimbra | Para continuar depois...

Há músicas que nos fazem sentir de uma forma quase desconfortável. Sensações que ninguém pode doar nem tão-pouco julgar e roubar porque não se roubam paixões para as quais não há adjectivos.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Coimbra | Acontecem estas coisas...

Depois de um certo tempo indeterminado, desconexo, uma rapariga adquire certos hábitos dos quais não se consegue jamais desligar depois desse momento que acontece sem pensarmos muito nisso.

Certo dia de manhã levantou-se e pôs-se a reparar no material duvidoso do casaco que comprou nas lojas dos chineses. De uma fazenda aparentemente lisa começam a nascer pequenas nuvens de fios que parecem cotão e ela não gostou de ver. A mesma pessoa que dois anos antes usava camisolas de lã do avô materno, salpicadas de tinta de ele pintar o terraço da casa da aldeia. Certo dia pintou as unhas de preto e quando havia um jantar especial voltava a pintá-las. Um processo ainda não-rotineiro. Um dia pintou as unhas cor-de-vinho e nunca mais saiu de casa sem as ter pintadas.

Um certo dia de manhã, depois de meia década a vestir saias de lã e malas de lã que iam até bem abaixo dos joelhos com o peso do estojo insuflado com canetas de cor e gorros de lã e casacos que agarravam as folhas secas quando se sentava no chão de Outono, vestiu um casaco de tweed verde-seco e castanho com duas filas paralelas de botões pretos, cintado.

Uma manhã apenas aparentemente a mesma, pôs rolos no cabelo e fez um café largo e pôs uma daquelas máscaras faciais restruturantes e pintou de vinho também as unhas dos pés.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Coimbra | Winds of change

Estaria tudo em ordem não fosse essa mania funambulesca das famílias em querer, de repente, que os filhos cheguem a horas e se sentem á mesa como se assim fosse o hábito. Um berreiro pouco frutífero e nada dignificante Vem p'rá mesa Mas eu lanchei tarde ia sair para jantar com o pessoal do curso lá mais p'rás dez Vem p'rá mesa. Seja. Então e porquê hoje? (pergunta desencadeadora) Porque nunca estás em casa a horas normais, porque já não nos sentamos a comer e ver televisão e a falar há mais de um mês, porque pegas numa maçã e sais de casa, porque vais tomar café ás 5 da tarde e voltas depois das duas da manhã, se achas isso normal...

O que eu não acho normal é vir comer quando não se tem fome. E sugar da pivot do telejornal o nosso tema de conversa. O que não acho normal é ter que repetir os trabalhos designados pelos professores para este semestre pela décima terceira vez e ter que responder que ainda não sei se vou ou não fazer mestrado, não sei se em Lisboa ou no Porto.

Depois de teres experimentado o conforto de ter o que quer que seja que queiras ter é impossível ser feliz com metades. É como quando comes a côdea toda do pão antes de comer o meio mal cozido e estaladiço e depois te pedem uma trinca daí, onde está a maior parte do fiambre e mais queijo derretido. Passar tanto tempo e penar para veres o teu momento de glória usurpado por terceiros. E em vez de mandar a boa educação e o consenso ás urtigas, compadeces-te com o Outro, o Normal, a acontecer diante de ti e pensas: "Nunca em tempo algum vi alguém negar uma trinca de um lanche." ... E se, de facto, não houve ninguém antes? ... Se não viste ninguém antes, se não foi ali que, se não é o lugar para, se não é a altura de,

domingo, 25 de janeiro de 2009

Aveiro | Tudo o que há-de vir

Numa madrugada densa de nuvens como manda o misticismo português há-de vir alguém que me torne inverosímeis as anteriores defenições de expectativa. Há-de vir um vento que me fustigue os lábios, que me faça arder os olhos e chorar e que limpe o que não fui e não me importo.

Num dia de Sol ora animoso ora tímido, constante na desmesura, há-de vir um pedaço da mais fantasiosa narrativa, do desejo mais breve e estanque, da mais intransponível abnegação que desejo acima de várias outras coisas. Quem me aprendeu não diria.

Num fim de tarde como o de hoje vou estar sozinha e permeável e tudo hoje está em reposo inalterado e não me afecta.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Aveiro | Não queres assim tanto ouvir como foi o meu dia...

Então não queres ouvir sobre o meu belo dia. Então não queres ouvir sobre os meus bons amigos. E não tens coragem para distinguir a verdade das consequências e chamas-me "retraída". Não estou a sugerir que venhas a gostar de mim, nem que te interesses ou te questiones sobre as pontes que bombardeias todos os dias. Prefiro ser maníaca do pormenor do que vulgar sofredora de coração partido. Quero o detalhe de toda a angústia e miséria, os números do teu dia importantíssimo. Meu Deus! Tem sido um dia fantástico mas gostava de te levar a ver as luzes. Gostava de fazer mais que sobreviver. Tudo me corre de maneira que é a minha. Não vou falhar num dia de Sol. Impensável.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Coimbra | Páro para não pensar...

"Este pode ser o telefonema da sua vida" ouço a rapariga dos programas da madrugada dizer na televisão. Sempre diferente ela, não sei quem é nenhuma delas.

O despertador toca, tocou, pém pém pém pém pém pém levanto-me não olho o espelho, que desmazelo ja sei não vou olhar, para quê, ligo a água quente na banheira e deixo correr, desço á cozinha, pressiono o botão do fogão automático e ele sozinho tic tic tic chama pronto. Bule em cima da chama com água, mais uma boca com outro bule - leite. A água pois é um cilindro e não um esquentador subo, dispo-me olhar para quê que desmazelo já sei hoje tenho aquela aula para apresentar não vou olhar se não não vou. Cabeça para baixo, creme hidratante, secador, está. Vestir. Não vou olhar visto o de ontem não posso correr ricos de rabugices hoje de manhã. Se ontem saí assim hoje faz de conta que também fica bem. Merda o leite. A água é só água mas o leite fica castanho quando queima. Lá se foram os teus cereais. Ia acordar-te Olha o leite quente anda fazer os cereais. Depois fazes tu era só uma atenção mas é daquelas que se fizer é porque sou atenta, uma querida, se não fizer tu não vais saber que me falhou a intenção, sou uma querida na mesma por outras coisas exógenas aos momentos matinais taciturnos. Resulta, boa! Gabardine. Está a chover claro. Caracóis quais caracóis? Antes cabelo pregado á cabeça, antes enriços, ninhos. Levantas-te não sabes do episódio do bule-leite. A água! Olha que é cilindro já usei cuidado. Ela também se levanta direita á cozinha, eu Ah! O lápis dos olhos. Está a chover, inútil, deixá-lo, lápis nos olhos versão Courtney Love hoje de manhã bonito. Queres torradas, Não como de manhã, E tu queres, berras mas Ele está no banho. Faz que ele come, Mas ontem não quis, Ontem acordaste cedo? É que estavas a durmir quando saí. Levantei-me logo a seguir ele também. Não queres mesmo comer, Afinal sim para depois cigarrito e café sabes faz mal em jejum e antes da aula tem mesmo que ser no Bar das Matemáticas se houver tempo ás e um quarto não entra mais ninguém na sala, não está mal. Liga a tv vou buscar um cachecol, emprestas-me o roxo? Leva. Olha agora vou eu. Cruzam-se nas escadas Vais tomar banho de água fria. Merda quem é que ainda tem cilindros em casa? As torradas? Não fez ainda, pede-lhe quando sair do banho, vou ver os headlines e sair já não vou a tempo de ler o jornal nem levantei dinheiro, os teus cigarros? Estão lá em cima na nossa mesa de cabeceira. Traz-me o gel de banho ficou no saco do Jumbo de ontem com as outras coisas do quarto de banho. 'Tá bem. Toma - a água está gelada que nervos. É horrível, temos que coordenar melhor estes banhos. Um prato, dois ou três? Já não te disse que ia sair agora. Vocês comem á mesa de manhã? Que chique! Dois pratos. Compota, mel, manteiga. Temos compota em casa? Quando compraste isso? Ontem. Não vi. Olha depois passa nas cópias traz a sebenta de cálculo I, aquilo é mesmo só para dizer que tirei as cópias, não faço a cadeira. Deixa ouvir. Não sei das chaves. Nunca sabes. Leva as minhas. E tu? Depois da aula vem ter lá abaixo ao café.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Aveiro | Várias perguntas no mesmo dia...

Ainda não descobri se me impressionas ou me fazes impressão. Talvez seja a minha mente fantasiosa a fazer mais do que aquilo que normalmente lhe exijo para manter a cabeça á superfície. Não sabia que ia ser tudo tão diferente agora que eu já não tão impressionável, nem permeável, nem á escuta muito menos atenta ou observadora. Foram estas coisas, inocentes coisas, que levaste no teu passo concluso que foi o que usaste naquele dia em que saíste de lá com ela e não comigo. Hoje estou tristemente consciente que já não é a tua falta que me faz falta, tu já não és aquilo que preciso mas deixei muito para trás por pensar que sim. Prefiro não pensar quantos minutos tem um ano - os mesmos que encerram olhares despudorados aos quais nunca liguei, os mesmos de noites á chuva com os auscultadores a cantar alto na rua. Roubaste-me as loucuras, nem contigo mas deixaste fazer.

Aveiro | A contar metades de possibilidades...

Pergunto-me se haverá uma outra forma menos dolorosa de me levantar da cama. Não pode ser este tormento para toda a gente ou não haveria pão fresco ás 7 da manhã. Dizem que há, eu não saberia.

Pergunto-me, mais a querer que tu me digas, se tudo isto a florescer diante dos meus pés é um fenómeno científico qualquer despoletado pelo aquecimento global que fez a Primavera vir mais cedo ou se eu a imaginar coisas. Há dias em que me ataca esta simplicidade vulgo falta de talento e não consigo engrenar numa narrativa concisa. Talvez seja deste cheiro a flores.

Pergunto-me se estas anáforas estão a fazer alguma coisa por mim ou pelo texto sendo os dois um só a maioria das vezes. Saberás dizer-me porque é que de repente, onde não havia possibilidades, as há agora sem que sejam para mim mais acessíveis só pelo facto de as reconhecer?

Queria que te afogasses, como eu, no amor por alguma coisa. Com violência.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Aveiro | Celebrar a existência

Hoje, motivado pela comemoração do nascimento de uma das presenças mais intransponíveis do meu crescimento, o meu texto é pragmático e despudorado, sem preciosismos, mais um dos teus ensinamentos.

Passaram qualquer coisa como quinze anos desde que nos conhecemos. As pessoas adultas que conheço não têm amizades há este tanto tempo. Em muídas fizemos aquelas coisas todas, raras coisas, de quem tem companhia na beleza da inconsciência - depressões arquitectadas exclusivamente para aquela tarde enquando ouviamos Onda Choc a pensar em algum rapaz da escola primária.

Depois, num tempo em que ainda miúdas, coleccionámos recortes dos jornais desportivos do teu Pai, o Vítor Baía e o Paolo Maldini e o Carlos Moya e todos esses monumentos como o Vinho do Porto. Algarve e o Europeu de 2000. Não houve assim mais nenhum.

Depois liamos Harry Potter e tinhamos aulas numa Hogwarts online, pelo velhinho mIRC, e não quisemos nunca crer que aquele era um Mundo de fantasia. Quero-me convencer que os livros são ficção porque a alternativa é eu e tu sermos enfadonhos Muggles e eu não ia conseguir viver com essa certeza.

Um tempo depois, foi o choque de saber que um homem como o Kurt Cobain estava morto. E aí, esse sim foi o momento que nos definiu. Aquela linha esbatida e breve, entrecortada por incertezas e rebeldias estéreis que hoje me parecem tão irracionais quanto belas e delas tenho umas saudades portuguesas, que nos transformou para sempre no que íamos ser para o resto da vida. Um pé na normalidade, outro nas camisas de flanela, nas calças rascadas, no sentir de mais. Depois os dois pés no sentir de mais e até hoje, mesmo que por vezes disso me arrependa, ou me custe, ou sozinha á noite "Porque é que sinto tanto?" aqui permaneço.

Depois disso fomos para escolas diferentes mas como temos exactamente a mesma morada com apenas um andar de distância e, mesmo assim, esse andar é ocupado por outra grande amiga, era como se vivessemos permanentemente juntas. Eu jantava em tua casa e depois tu:
-Vou levar a Ana lá a cima.
E depois, cá em cima, eu para a minha mãe:
- Vou levar a Ana lá a baixo.

Depois aconteceu a faculdade, e a ingressão em cursos pelos quais somos apaixonadas. Depois tu em Milão, depois eu contigo em Milão. Portishead em Florença e de volta a questão: "Porque é que sinto tanto?"

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Aveiro | Diz-me o contrário

Tentei, prometi a mim e a uns quantos outros que ia mudar. Uma metamorfose forjada na condescendência que odeio. É mentira. Para lhe reconhecer valor tinha que mudar os cânones pelos quais vou regendo a minha apreciação da estética. Adaptar-me, obrigatoriamente. E isso significa que eu não estou a meio do caminho porque sou disso o oposto. Ou estou muito bem ou muito, muito mal por essas directrizes.

Eu tentei. Tentei valorizar a mediocridade que parece satisfazer a todos. Eu tentei. Tentei enumerar as coisas que me fazem feliz e que já tenho aqui, quietas. Escassez. Perguntei a estranhos o que os fazia sorrir e as pessoas ficaram assustadas e imediatamente tristes. Não era minha intenção. Serão os hábitos assim tão intransponíveis e o alheamento assim tão sideral que quando nos confrontamos (ou nos confrontam) com o questionamento das bases da nossa felicidade, todos os sorrisos se emaranham ante a certeza da fragilidade deste abstracto?

Não. Não pode ser tudo assim. Há coisas. Outras coisas inúteis e perfeitamente periféricas mas no fundo são as pequenas consolações vis e mundanas que nos tornam menos miseráveis. Como, por exemplo, a consciência da ainda maior mediocridade dos outros. Que tipo de ser é o humano?

Nos meus dias menos bons ainda possuo essa tentação de jurar a pés juntos, pelo Pai e pela Mãe, que estou dessa pessoa a tantos anos luz. Pois só posso estar para serem as coisas desta forma e não de outra. De algumas pessoas não estou. Á maioria, no entanto, nem lhes distingo os contornos.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Aveiro, Coimbra, Aveiro - Aqueles dias...

El rejor marca la nueve menos cuarto. Yo sé que deberia levantarme pero me quedo navegando en internet hasta a las tres de la mañana. Me acosto tardísimo. Todavia, los libros, mís cuadernos y mís bolígrafos me roban todas las horas. Yo soy una chica sencilla: me gusta espagueti con atún e salir por la noche como a todos los juvenes pero prefiero siempre una terraza tranquila, bañada de un sol terrible y seguir longas horas hablando com mís amigos. Siempre estoy enamorada de cosas muy simples como los nuevos zumos o nuevos yogurtes de cereza o fresa en el supermercado. Ahora vivo en Coimbra porque estudio Periodismo pero soy natural de Aveiro - una pequeña cuidade con playa. Perfecto.

40000 erros ... mas um espanhol entender-me-ía. E isso sim, é a verdadeira utilidade da língua.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Aveiro | O alcance de um imbróglio...

Vá-se lá saber porquê as pessoas arranjam sempre um ódio de estimação a qualquer momento da vida. Normalmente não fundamentados, estes "tiques" dirigidos a pessoas ou a objectos ou a momentos dificilmente se libertam da alma, só depois de muito tempo longe dos visados.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Aveiro | O meu reino por um apartamento nos trópicos

E é isso, o título. Era só isso que hoje queria expressar...

O Grande "Descansa em Paz" do Universo

Se o Big Bang realmente aconteceu, o futuro do Universo - especialmente o seu fim - pode ser contado em muitas histórias, e entre elas está o Big Rip. Esta hipótese cosmológica foi proposta em 2003, afirma que tudo desde galáxias até aos átomos e mesmo as partículas sub-atómicas serão desfeitas pela expansão do Universo.

A teoria baseia-se no tipo e na quantidade de energia e matéria negra no Universo. A questão está entre a razão da pressão da energia negra e a sua densidade energética, variável fundamental para se perceber o comportamento futuro do Universo. Se a matéria negra entrar no estado de Energia Fantasma, tal causaria o crescimento acelerado e descontrolado do Universo.
Um crescimento tão rápido leva a que as forças da física percam o seu poder de interacção. Independentemente de se tratar da Gravidade, Electromagnetismo ou Força Nuclear (Forte ou Fraca). Assim tudo será separado e desfeito em partículas sub-atómicas.

Numa fase inicial as galáxias irão afastar-se-iam umas das outras, curiosamente é o que está a acontecer neste momento. 60 milhões de anos antes do fim, a gravidade seria tão fraca que as galáxias se iriam desfazer. Três meses antes do fim, os sistemas planetários perderiam as reacções gravíticas entre os seus corpos. Nos últimos momentos, estrelas, planetas, luas e afins serão despedaçados.

Depois desse momento o Universo não passaria de um sitio cheio de partículas miseravelmente pequenas, sem forças nem energia. Calcula-se que se isto acontecer seja dentro de 50 mil milhões de anos.

fonte: blog - "Perspectivas Abertas"