sexta-feira, 3 de abril de 2009

Coimbra | Quero linhas paralelas...

Quando chego de jantar vejo os teus talheres cruzados sobre o prato cheio. Pouco falta para estar ali a refeição toda. As folhas de alface já translúcidas da gordura do azeite e a primeira camada de arroz, seca. Do frango nada se pode reconhecer a olho nu mas há-de estar frio como morto.

O sono que me tolhe não facilita o enleio numa preocupação genuína. Quero acreditar no meu bom dormir e que não vou sonhar nem levantar-me durante a noite nem me vai custar nada adormecer nem vou revirar-me na cama, enrolar o lençol lá ao fundo aos pés de tantas voltas e espasmos entre os do estado insconsciente e os socos no ar por minha vívida iniciativa. Nem vou ficar com frio depois disso nem a irritação me vai incomodar. Pensar nisto ou pensar em ti. Se eu não te conhecesse dizia que tudo isto é vontade de chamar a atenção, um medo inefável dos dias que pensam ser os teus últimos comigo. Conhecendo-te, nada mais injurioso do que carente. O que não invalida a minha verdade. Como esse rancor endógeno que enquina a tua percepção das transformações que vão mesmo acontecer. Queres-me fazer acreditar que é um argmento inválido. Não o posso trazer para cima da mesa para desenhar à vista, o teu rancor. Era inválido, até. Até podia ser se tu não fosses tão patéticamente transparente.

Sendo tu hoje uma sombra do que eras, ai de mim se te disser alguma verdade. Sendo eu ainda um degradativo disso, sei reconhecer, como tu, as vantagens da redoma que preferes hoje a todo o Sol que ainda está para vir.

1 comentário:

Anónimo disse...

Revenge

'The blood is spilling over the land, clinging to life these tortured souls,
... they rip through your heart and turn it cold.'
Charles Wallace aka Toma Wolf

greatings