quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Coimbra | Acontecem estas coisas...

Depois de um certo tempo indeterminado, desconexo, uma rapariga adquire certos hábitos dos quais não se consegue jamais desligar depois desse momento que acontece sem pensarmos muito nisso.

Certo dia de manhã levantou-se e pôs-se a reparar no material duvidoso do casaco que comprou nas lojas dos chineses. De uma fazenda aparentemente lisa começam a nascer pequenas nuvens de fios que parecem cotão e ela não gostou de ver. A mesma pessoa que dois anos antes usava camisolas de lã do avô materno, salpicadas de tinta de ele pintar o terraço da casa da aldeia. Certo dia pintou as unhas de preto e quando havia um jantar especial voltava a pintá-las. Um processo ainda não-rotineiro. Um dia pintou as unhas cor-de-vinho e nunca mais saiu de casa sem as ter pintadas.

Um certo dia de manhã, depois de meia década a vestir saias de lã e malas de lã que iam até bem abaixo dos joelhos com o peso do estojo insuflado com canetas de cor e gorros de lã e casacos que agarravam as folhas secas quando se sentava no chão de Outono, vestiu um casaco de tweed verde-seco e castanho com duas filas paralelas de botões pretos, cintado.

Uma manhã apenas aparentemente a mesma, pôs rolos no cabelo e fez um café largo e pôs uma daquelas máscaras faciais restruturantes e pintou de vinho também as unhas dos pés.

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