sábado, 15 de novembro de 2008

Aveiro, 15 de Novembro 08 | Arritemia sem ser figura de estilo

Iniciaste o telefonema a dizer "olha mor..." sem que essa expressão me fosse conscientemente dirigida. Nem tiveste noção, nem voltaste atrás, não corrigiste, não pediste desculpa. Nisto dá-se aquele estalo da realidade. Lá esta a expressão, gasta do uso.
Segui o meu caminho na ponte que antecipa o Largo da Portagem, quem chega de Santa Clara. O grande plano do largo onde me sento 80% das minhas tardes e isso são vários dias de várias semanas. E isso são também horas e minutos, e pessoas, e conversas, e livros com os cantos dobrados e frases sublinhadas, dias de vento e diálogos fugazes com pessoal de Erasmus e os turistas alemães (e eu a tentar muito custo lembrar-me de quatro ou cinco palavras e o pessoal a rir-se de mim que não quer crer que eu nao esteja só a inventar sons). São piadas de café, verdadeiro sketch material, e são as imperdíveis conversas das senhoras mais velhotas da mesa ao lado que discordam veementemente da Tv 7 dias e explicam porque é que sabem mais que a revista sobre a vida do Cristiano Rolando. É tudo terrivelmente mais do que hoje me é permitido descrever-te.
Depois de tentar controlar a arritemia, da qual sofro clinicamente, subi o Quebra Costas, pus na mala um casaco e o computador e voltei a descer para a estação. Dali a uma hora estava em Aveiro. Escolhi aquele dia como pudia ter escolhido outro qualquer. Semanalmente, arquitecto dezenas de mudanças ás quais juro fidelidade. Quando mais pondero menos faço.

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