segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Coimbra, 24 de Novembro | Aquela estranha noite - I

Lotação esgotada em todos os sítios do costume. Viemos aqui ter para ver tanta gente e não ouvir ninguém. Toda a gente sorri (nunca vou saber porquê) e a música a fazer ricochete na minha caixa torácica, o beat grave a pulsar na jugular como se tivesse subido muitas escadas a correr com pressa de chegar a algum sítio merecedor. Já nem me lembro a última vez que corri com vontade para alguém ou algum sítio. Para ti nunca corri porque não gostas de demonstrações públicas de afecto, aquilo a que chamas sem pensar (ou a pensar?) “figuras tristes”. Ao pé das colunas, as pessoas berram para se entenderem e não falam olhos nos olhos falam boca na orelha e riem-se com a impossibilidade de comunicarem. As luzes, as que há, piscam a uma velocidade horrível e eu vejo-te intermitentemente. Vejo aos soluços um corpo ora brilhante ora ausente e durante uns segundos penso que, provavelmente (e por agora) estamos bem assim. Mesmo assim, sem distinguirmos um ao outro os contornos.

1 comentário:

Anónimo disse...

o q eu quis dizer é que é bom estar enrolada num cobertor mesmo que se derrame o chá.

Pelo menos os teus textos fazem-me sentir que um dia vamos sentir alguma coisa =)