sábado, 6 de dezembro de 2008

Aveiro | 5 de Dezembro (sim, sim, são 5 para mim que ainda não me deitei) O8 | Pano para mangas...

...Mas vá, muito a medo, lá olhei para ti a saber já que no teu olhar não ia encontrar a mesma expectativa. Fui eu que assim quis e agora vou sair de casa lá lárá lá lá, a saltar de um pé para o outro, que é como quem diz a saltar de mais uma reincidência para mais um "eu bem te avisei".

Vou sempre frustrar-te as expectativas. Vai daqui sabendo que ao menos te dei uma mostra válida da minha raquítica sinceridade. Por muito simples que sejam garanto-te que vou arranjar maneira de não conseguir cumprir as tuas exigências. Vai daqui sabendo que, mais do que muitas vezes, a minha indolência vai sobrepor-se á minha vontade de te fazer o jantar. Nunca vou achar que já passou tempo suficiente desde que pus a roupa a aquecer no aquecedor porque, no fundo, não há razão para sair para te ouvir não gostar de nada do que eu digo. Se vezes há em que nos vemos é porque venci a mândria e respeito-te por isso. Ajudas-me a vir ver se a meteorologia confere. Não confere.

O meu egoísmo vai-me fazer fazer de propósito para me esquecer da hora do autocarro porque os meus vícios prendem-me mais que os teus braços. A minha obstinação e a minha insolência cedo vão deixar de ser "traços de uma personalidade forte e exclusiva" para passarem a ser traços de personalidade de alguém que é apenas insuportável, olhe-se de que ângulo se olhar. Somos intransigentes com os estranhos. Eu vou sempre ser muito mais amante que amor. Eu nunca vou duvidar de nenhuma palavra que me digas mas já estou á espera que duvides de mim e não vou nunca poder fazer nada para te provar que te sou fiel porque tu vais deparar-te com inúmeras coincidências que me vão fazer parecer culpada. Eu sei disto tudo em antemão. E toda a gente sabe o mesmo se der o corpo ao manifesto da imutabilidade. E depois vais por aquele olhar colérico, convencido de morte que estás que eu estou a esconder alguma coisa. Não estou. E depois eu vou tentar explicar e tu vais por um outro tipo de olhar não menos repugnante que é aquele "Sim, sim, fala p'raí que eu filtro metade do que tu dizes num coador fininho", enquanto pensas isto reviras os olhos e principias afazeres banais como se só o que tu tinhas para dizer fosse importante.

A minha confiança nunca será afectada mas tu vais deixar de gostar de mim porque vais passar horas a tentar construir um ponto de vista que eu vou alagar em lágrimas de negação (preferia falar mas...). E eu só choro quando sei que a demonstração da dor serve algum propósito futuro de evitar talvez outras dores.

E tudo isto porque não te amei? Não. Tudo isto porque quero ser trágica e infame para me amares assim, um farrapo pálido, para poder mudar sem passares a vida a pedir-mo porque eu não suporto que passes a vida a pedir-me para mudar.

1 comentário:

Anónimo disse...

não quero ler textos teus quando voltares a estar apaixonada.