quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Coimbra, 4 de Dezembro O8 | Por algum motivo, foi assim que acordei hoje...

Ainda que tente, com um zelo que a quem ele não falha não entende, o adjectivo foge-me. Vai-se esbatendo, esbatendo… cerro o sobrolho e os punhos, puxo, puxo, pulsa o sangue nas veias das têmporas e desapareceu. Não o adjectivo, apenas um que qualifique parcialmente aquilo que apenas parcialmente sinto. Não sei o que me roubou à beleza feroz de conseguir sentir. O apaixonante desgaste de estar a sofrer e não por isto. O abandono, a quase facilidade que é sofrer por outra coisa qualquer. Qualquer outra coisa qualquer. Sentir com mandíbulas insaciáveis. Tão útil como um pêndulo de usar ao pescoço que aquele alguém nos deu no único dia da vida em que nos sentimos alguém. Tão útil como aquela escada gasta de um prédio periférico que apenas está para quem, de muito em muito tempo, ainda precisa de a subir.É tarde e eu vejo luzes que afectam cada esquina da cidade dos meus sonhos. São cafés que ocupam edifícios seculares de onde chega o som do violino áspero, são restaurantes indianos, os neons eternamente danificados. Piscam e uma pessoa associa-lhes, por algum motivo, a decadência, a falta de clientela e passa ao lado.

Sem comentários: