quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Aveiro | ... Realidade imutável

... Assumo o risco de soar fatalista e imaturamente insatisfeita e incompreendida mas está díficil encontrar um lugar neste Dezembro frio. Povoado está ele. Povoadíssimo como o Pavilhão Atlântico para ver Tokio Hotel. A chuva não redirecciona niguém. Impõem-se as conveniências próprias da quadra.

O que será este Natal sem ti? Eu ocupo o teu lugar na mesa, por birra, mas não tenho o teu peso na família, nem a tua agilidade com as palavras. Tu bem quiseste que eu a herdasse. Por isso me deixaste a biblioteca lá de cima. Centenas de volumes - de Camilo a Boudlaire, passando pela enciclopédia LOGOS até aos volumes do Público de toda a história mundial. Ou vai ou racha. Pode é rachar por me faltar a perseverança que te caracterizava. Mais uma coisa que não levo para a mesa nesse dia. Ocupo o teu lugar na mesa mas não a consigo fazer sentir menos abandonada. Nós sabemos que o companheirismo é a condição mais difícil de se abdicar. A partir de uma idade, a maior provação do ser passa por jantar sozinho, adormecer sozinho, poder ter um enfarte sozinho. Aquela apneia do sono pode ser finalmente mais do que um sonho em que nos estamos a engasgar com sumo ou com o pó que a vassoura levanta ao limpar as folhas do pátio.

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