sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Aveiro | E tu já quase nada...

... E tu já quase nada não fosse aquela música ridícula que a rádio passou e eu não pude mudar. Eu com medo do verso seguinte, medo que se provou fundamentado, do outro verso, de mais um, daquele ritmo que o gajo dá, aquela frase. Tu já quase nada e eu a querer mentir a mim mesma. Se é assim, o que faz esse espectro de contornos brilhantes á minha volta todo o dia? Perpétuo no legado e na consciência, longe na realidade. Tu já quase nada e eu:
- Voltaste?
Sabia que não ias voltar. Engrandeci-me de voos míupes, á falta de objectos tangíveis que me pudessem confortar. Não há. E tu, que eras, és agora quase nada.
Estavas naquela moldura que arrumei num sítio que não me lembro quando arrumei o quarto desta última vez. Estavas comigo e eu era a única que tinha aquela classificação a que se junta qualquer coisa incondicional.
Uma gota de sangue que demora a libertar-se da ferida que nem dói por aí além mas que faz uma certa impressão de ser aquilo, de ser sangue, de se saber que o sangue existe e está a sair de nós.

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