domingo, 7 de dezembro de 2008

Aveiro | desalinho; desarranjo; desarrumação; desordem;

... A mão do barman a aproximar e a afastar o copo de fino da torneira da máquina, uma rapariga que acende um cigarro, as mãos entrelaçadas de um casal que acabou de entrar são planos de corte. Volto a focar a nossa conversa entremeada de empurrões e sussuros, aquilo que não ouço esbate a unidade do teu raciocínio. A derradeira conversa que eu não estou a acompanhar, as derradeiras conclusões (de certo premeditadas e sensatas) que eu não estou a absorver.

Engraçado que quando me explicas qualquer coisa nunca é aquilo que eu achava que me querias explicar, é sempre uma insinuação de superioridade em forma de precaução para “evitarmos de nos chatear uma próxima vez". Isto é o mesmo que dizer que caso eu nao acate pacata a tua advertência está a noite estragada. Por isso é que já lhes perdi a conta. Durante um tempo senti-me uma namorada em versão trial.

Durante todo este tempo tu continuas a falar. As palavras que vou ouvindo constroem uma estrutura débil de argumentos pouco claros e pouco corajosos da tua parte. Pelo menos é isso que me parece. Puxas-me irritado, para mais perto de ti, e ouço-te claramente:
- Tens cigarros contigo?
Dou-te o maço e permaneço mais perto para tentar ouvir-te com mais clareza. Quero, ao menos, ser um espectador atento do final dos meus dias.

É uma tortura. Uma exposição continuada a algum vírus que, não te matando, vai esgatanhado os tecidos celulares muito antes de saberes o que diabo te está a causar tanto mau estar.

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