terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Aveiro | For old time's sake...

Estou sempre a pensar nessa enormidade de certeza que te acimenta a alma e aguça o desejo e o paladar por dias em outras paragens. Esse fascínio embaciado que é descobrir outra pessoa.
... Eu aqui ajoelhada, com a cara entre as conchas das mãos a dizer que me dói a cabeça terrivelmente e a saber já que nunca me dói a cabeça e:
- Será que não sabes que nunca me dói a cabeça?
Amanhã, dizem, vai estar um tempo abafado de trovoada eu gosto de trovoada no teu carro, a fumar, ao pé da nossa casa e do antigo sétimo que também podia ser nosso. A nossa praia de Inverno, as tábua do palanque molhadas e queixosas. Quantos mais dias de Sol atravessarei com frio? Invejo com ganas de dentes cerrados as almas plácidas e pouco expectantes que vão sabendo nutrir-se daquilo que vem com a passagem das horas e a morte adiada da passagem das horas. Se me sento na Sereia e fecho os olhos vejo as estações do ano a passar com o exagero cénico das cores acentuadas - as estalactites a pingar das arestas de pedra de tudo, o calor fugidío, menos pessoas e vários tons de castanho - nóz, nóz moscada, amêndoa, café...

Sem comentários: